Por Omar Montellato | Janeiro 29, 2024
Os cookies são pequenos arquivos que os sites armazenam no seu navegador para rastrear as suas preferências, hábitos e comportamentos online. Eles são usados para personalizar a sua
experiência na web, oferecendo anúncios relevantes, conteúdos recomendados e serviços personalizados. Mas eles também representam uma ameaça à sua privacidade, pois permitem que os
anunciantes e outras partes interessadas acessem os seus dados pessoais e monitorem as suas atividades online.
Por isso, o Google anunciou que vai eliminar gradualmente o uso de cookies de terceiros no seu navegador Chrome até 2023. O Chrome é o navegador mais usado no mundo, com cerca de 65% de
participação de mercado, segundo a StatCounter. Isso significa que a decisão do Google vai afetar milhões de usuários e anunciantes em todo o mundo.
O Google diz que o objetivo é criar uma web mais privada e segura para os usuários, respeitando as suas escolhas e preferências. A empresa afirma que os cookies de terceiros são uma
tecnologia obsoleta e invasiva, que não oferece transparência nem controle aos usuários sobre como os seus dados são coletados e usados.
Além disso, o Google enfrenta uma crescente pressão regulatória e social para proteger a privacidade dos usuários. Em 2020, a União Europeia multou o Google em 50 milhões de euros por violar
o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR), que exige o consentimento explícito dos usuários para o uso de cookies. Nos Estados Unidos, o Google também enfrenta vários processos
judiciais por violar as leis de privacidade e concorrência.
O Google propõe uma nova abordagem para a publicidade online, baseada em um conjunto de tecnologias chamado Privacy Sandbox. Essas tecnologias pretendem preservar a privacidade dos
usuários, ao mesmo tempo em que permitem que os anunciantes segmentem os seus públicos de forma eficaz e mensurem os resultados das suas campanhas.
Uma das principais tecnologias do Privacy Sandbox é o Federated Learning of Cohorts (FLoC), que agrupa os usuários em grandes grupos (ou coortes) com interesses semelhantes, com base no
seu histórico de navegação. Assim, os anunciantes podem direcionar os seus anúncios para esses grupos, sem identificar os usuários individualmente.
Outra tecnologia é o Trust Tokens, que visa combater a fraude e o abuso online, sem revelar a identidade dos usuários. Esses tokens são criptografados e podem ser usados para provar que os
usuários são humanos e não robôs, ou que eles têm uma relação de confiança com um determinado site.
A mudança proposta pelo Google pode trazer algumas vantagens para os usuários, como:
Maior privacidade: os usuários terão mais controle sobre os seus dados e poderão optar por não participar da segmentação baseada em coortes.
Maior segurança: os usuários estarão menos expostos a ataques de hackers, phishing e malware, que podem usar os cookies para roubar as suas informações.
Maior velocidade: os usuários terão uma navegação mais rápida e fluida, pois os sites carregarão menos dados e scripts.
No entanto, a mudança também pode trazer algumas desvantagens, como:
Menor personalização: os usuários podem receber anúncios e conteúdos menos relevantes e interessantes, pois os anunciantes terão menos informações sobre as suas
preferências e necessidades individuais.
Menor concorrência: os usuários podem ter menos opções e diversidade de conteúdo, pois os anunciantes e editores independentes podem perder receita e participação de
mercado, frente ao domínio do Google.
Menor transparência: os usuários podem ter menos visibilidade e compreensão sobre como os seus dados são usados e compartilhados, pois as tecnologias do Privacy Sandbox
são complexas e obscuras.
O Google vai acabar com os cookies até 2023, mas isso não significa que a publicidade online vai acabar. Pelo contrário, o Google quer criar um novo modelo de publicidade, baseado no
Privacy Sandbox, que promete ser mais privado e seguro para os usuários, mas também mais lucrativo e eficiente para os anunciantes. No entanto, essa mudança pode ter impactos significativos
na web, afetando a personalização, a concorrência e a transparência. Por isso, é importante que os usuários, os anunciantes e os reguladores acompanhem e participem desse processo, para
garantir que a web seja um espaço livre, justo e democrático para todos.
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